50 Livros Maiores

O livro “As Cinquentas Sombras de Grey” é o mais vendido da década que agora termina e eu não posso deixar de partilhar o que sinto.

Começo por fazer-vos uma confissão: o meu maior ato de masoquismo “literário” foi tentar ler este livro...

Sempre repudiei a “opinião” de quem diz não gostar de algo sem nunca ter “provado”. Tal se aplica a todos os quadrantes da vida, de um prato tradicional, passando por pessoas e culminando nos livros. Recordo-me de um jantar de família em que uma discussão deflagrou à volta de um jornalista-escritor português que estava a ser “queimado vivo” por ter escrito um livro que, supostamente, era “contra” a igreja católica. Não vou aqui discutir se gosto ou não gosto, nem tão-pouco apresentar os meus argumentos, mas quero apenas desmontar uma atitude que é por demais recorrente: esta de opinar sobre tudo e sobre todos, sem nunca se ter dado ao trabalho de sequer experimentar. E, à volta daquela mesa, depois de um breve inquérito, concluí que ninguém tinha lido o dito livro ou qualquer outro do referido autor.

Este preâmbulo todo para vos dizer que não gostei do “As Cinquentas Sombras de Grey”, mas fui até à página 100 (número redondo), e que posso não gostar de um determinado género (por exemplo, a saga Harry Potter de J. K. Rowling), mas não critico (pois não li) e, pelo que sei, merece todo o meu respeito pela criatividade envolvida (que nunca terei e que invejo secretamente).

Nem vou divagar sobre as possíveis motivações deste primeiro lugar do ranking, pois acho que, por mais razões que me apresentem, nunca vou entender e há factos relativamente aos quais sou de lento entendimento. Mas, caramba, eu, que leio muito menos do que gostaria, sem ir à estante e sem puxar muito pela memória (que anda enferrujada), consigo lembrar-me de pelo menos 10 livros desta última década que, segundo os meus critérios, mereceriam estar no top... Com pouco esforço adicional e apenas baseada nas minhas leituras, facilmente chegaria a uma lista de 50 livros maiores.

Mas, lá está, são os meus critérios...

No meu caso específico, esta última década caracterizou-se sobretudo pela descoberta de excelentes escritores portugueses (como João Tordo, Rodrigo Guedes de Carvalho e José Tolentino Mendonça). E todos sabemos o quão difícil será para estes autores sair das nossas fronteiras...

E só me refiro a um país, uma língua.

E por este magnífico mundo fora? Não há melhor do que essas sombras?